Aê, todo mundo

Seja bem vindo. Não espere boas maneiras ou mensagens edificantes!
Lembre-se: esse papo de 'só o amor constrói' é balela: quem constrói é o pedreiro.

quarta-feira, maio 16, 2012

Armadilha para Cinderela*

- Guria, tu nem sabe o que aquela laiá fez?
- Aff, aquela gorda vesga?
-Não, a outra, aquela vagaba que fica atirando pena pra tudo quanto é lado...
Bem, quem nunca se referiu a algum desafeto dessa forma que atire o primeiro batom!
Pois lamento informar que sobrepeso e estrabismo não constituem defeito de caráter e nem  estão tipificados no Código Penal (ainda). Então, o xingamento é baseado em quê mesmo? (nhá, nem vou me dar ao trabalho, cê já sabe...)
"Atirar pena pra tudo quanto é lado" é unica e tão somente nortear-se pelo sagrado princípio que rege a natureza, a saber: o tenteio é livre. Se, dentre esse "todo mundo" não estiver o seu marido, noivo, namorado, estepe,  peguete, pau amigo, qual o problema da vagaba tentear?
Ah, ela tenteou alguma coisa que já 'tava na tua mira? Bem, e você, não tenteou antes por que, hein?
Alguém se lembra da história da Cinderela?  Aquela, pobre coitada que vivia sendo sacaneada pelas 'irmãs'
Era uma pobre renegada que é escravizada por outras mulheres. Cinderela, a proleta, não poderia ir ao baile disputar marido (argh)... mas só porque Cinderela é bonitinha, chega a fada  madrinha e dá um jeito na situação, mas impõe a condição: em casa à meia noite.
Ou seja: você até pode ser bonitinha, mas, ainda assim, é uma proleta, vai entrar de penetra e não merece ficar até o fim da festa. Pergunto: onde esta o macho a oprimir a Cinderela?

Aí, um belo dia, recebo um convite para comparecer na tal 'marcha das vadias'... aí eu me lembro que todo o machista filho da puta teve mãe... aí eu penso em ir de burka... aff, esse mundo me cansa!

*Armadilha para Cinderela é o título de um romance policial francês, que eu li em milinovicentus i guaraná de rolha. o livro não é lá grande coisa mas o título e a (infame) piada final persistiram na minha mente 20 anos passados.

quinta-feira, maio 03, 2012

Então é assim mesmo: junto tudo, dou um último adeus e me mando.
Não há qualquer razão pra permanecer aqui onde não estou, aqui onde não sou, aqui onde não caibo mais.
Não há muito o que levar: uma escova de dentes, um par de tênis, os discos do Raul e o meu Neruda, aquele que você nem se deu ao trabalho de me tomar. Aquele que passou meses se oferecendo pra ti na estante e que  tu nem tchuns!
Sentirei falta de ser o que um dia fui. Tua. tão tua, tão entregue que até esqueci de ser eu.
Não que ser eu fosse uma grande coisa, mas quando passei a ser parte de nós parecia que eu era algo mais forte, mais íntegro, mais importante...
ok, ok,  mas não faz mal, em todo o drama de segunda tem alguém que bate a porta e esquece de devolver a chave.
Tem sempre alguém a berrar de madrugada um nome qualquer debaixo de uma sacada
Tem  sempre alguém a se descabelar agarrado numa garrafa de uísque barato e equilibrado por um cigarro pela metade.
Em todo o drama de segunda tem alguém assim, se afogando em cafeína e fazendo rimas pobres ou prosas ruins.
Não se preocupe, meu bem, em todo o drama de segunda tem sempre alguém que vai chorar as mágoas   em um abnegado ombro amigo - e logo em seguida- também num ombro desconhecido.
Em todo o drama de segunda alguém rói as unhas e lamenta.

sábado, abril 14, 2012

irritantemente feliz

Aí, chove em Porto Alegre, o seu bloco não saiu na rua e parece uma boa pedida ficar bundando pelo feicibuqui, certo?
Errado, erradíssimo.
Todo mundo parece irritantemente feliz.
E irritantemente otimista também!
Todos tem mensagens edificantes, exemplos nobres... tudo emoldurado em fotos de bosques, flores, pradarias, todas devidamente comidas de photoshop.
Ao fim e ao cabo, parece que entrei num livro de auto ajuda que não passou pela correção ortográfica.
Sorry, cambada, mas esse papo de "os erros do meu português ruim" nunca foram afrodisíacos pra mulher nenhuma, isso explica porque o cabra lá da música do Roberto Carlos tomou um pé na bunda bem tomado - e, de boa, a mulher já nem lembra mais que o cabeludo existe.
Então, com base em tudo isso, tô lançando uma campanha 'desmotivacional'.
Tá todo mundo tão motivado - putz, detesto essa palavra. aliás, vamos a um grande parenteses:  toda a vez que eu ouço/leio as palavras motivado e sustentabilidade eu tenho vontade de sair roubando e matando. Sustentabilidade é a nova picaretagem do momento: qualquer porra máomenus (creme, sacolinha, invólucro pra casa do caralho) neguinho põe lá um rótulo de sustentável ou ecológico pra poder cobrar o dobro do preço.
Buenas,  o papo tá bom, mas vamos ao que interessa: a campanha propriamente dita!
consiste em frase pessimistas, cínicas, bobas, feias e cara de pudim cujo intuito é desanimar os animadinhos e otimistas de plantão.
Vamos começar pelo amor:
"o amor não é aquilo que te tira o ar. Isso é uma parada respiratória"
"o amor é fogo que arde sem se ver... isso só é verdade, se você for cego"
O amor é uma flor roxa que nasce... sim, é verdade, no coração dos trouxas.
Não me agradeçam, apenas reflitam sobre a quarta lei de Murphy, paragrafo primeiro, inciso oitavo:
"Não importa qual o seu destino, o caminho será sempre contra o vento e morro acima"


terça-feira, março 27, 2012

I wanna be a Porn Star


É isso mesmo agora vai em bom e reto português, que é pra não deixar sombra de duvida: Eu queria ser uma estrela pornô!
Eu gostaria de esclarecer, de uma vez por todas, o fascínio que os filmes pornôs exercem sobre os homens: não, não é verdade que os homens gostam de filme pornô unicamente por seios e bundas... o verdadeiro motivo por trás (ui) do gosto pelos filmes pornôs está nas falas das atrizes.
Porn star tem falas ma ra vi lho sas:
- Oh, yes
- Oh, my god, please, fuck me!
- oh, more, more!
- oh, my god, fuck me!
São frases eternas! "Nunca mais passarei fome" humpf, isso não é nada, diante de um ohh, more, more, more fuck me now, please!
Nenhuma porn star dirá:
Bem, acho que vamos ter que pintar a casa novamente;
- Amor, a gente entrou no cheque especial;
ô, coisa fofa, ou tu larga sáporra de vídeo-game e vai lavar a louça ou não vai ter comida nesse cafofo  hoje, caraio!...  
(juro que nunca usei esta frase!)

...e a máquina de lavar?
A máquina de lavar da porn star nunca estraga. nunca!

Ah, e a chapinha da porn star jamais dá problemas!
Também não é verdade que a porn star só faz sucesso porque sempre está disposta a fazer sexo (claro que nossos amados adorariam chegar em casa e nos encontrar sempre de baby doll e sempre propondo um duplo twist carpado com cordinhas roxas a partir do lustre, claro que eles gostariam de receber blow jobs no meio da BR engarrafada,  mas isso é uma outra história)
O grande segredo da por star é que ela nunca diz NÃO.
A porn star não polemiza, não pondera, não contextualiza.
Eu gostaria de poder passar um dia inteirinho com o meu amado respondendo apenas como uma porn star
Imagina só, como ia ser bom:
- Gatinha, hoje  a gente vai almoçar com a minha mãe
- oh, yesssss
-Bem, cê pode fazer aquela receita, daquele macarrão altamente calórico que você disse que nunca mais faria?
- Yes, yes!
- Amor, posso tirar toda a comida da geladeira pra colocar a ceva pra gelar?
- oh, my god, please, yééééééééééssssss!
 

- Bem, quem sabe a gente esquece esse negócio de colocar mais uma estante pros seus livros e compra uma TV de gosma de 5896958395863958 polegadas pra jogar GTA e carmagedon?
- Oh, good, yes, please!








* Post amelizado e colonizado. Feitoooooooooooooo! agora eu me rendi ao sistema!

terça-feira, janeiro 17, 2012

o Zé e a carne de pescoço

Moravam numa mesma casa 5 manés: Rafa, Marcelo, Rodrigo, Alexandre e o Zé.
Um belo dia, Rafa, Marcelo, Rodrigo e Alexandre chegaram do trabalho e resolveram fazer uma galinhada. chegou mais gente, todo mundo comeu e se fartou... e alguém lembrou do Zé.
Deixaram um pouquinho pro Zé, mas,  nesse pouquinho, só tinha carne de pescoço.
Ao chegar, exausto e esfomeado, Zé comeu toda a carne de pescoço que havia. E comia com volúpia.
- Tem mais?
- Tem mais não, véi, cabô!
Passaram-se algumas semanas, nova galinhada... e a história se repetiu: pro Zé, só a carne de pescoço restou.
Novamente, ao chegar, exaurido e faminto, Zé comeu toda a carne de pescoço que lhe fora destinada. Elogiou o tempero.
- Só isso?
- É, cabô, tem mais não, véi!
Dali um mês, Zé conseguiu uma folga, e calhou de ser, justamente, no dia da tal galinhada. Então Zé soube que na galinhada ia coxinha, peito, sobrecoxa, asinha... e carne de pescoço, naturalmente.
Quando Zé serviu no prato duas sobrecoxas...
- Pô, a gente até trouxe mais carne de pescoço pra ti!
- Carne de pescoço?
- É, tu não gosta de carne de pescoço?
- Não, só comi porque era o que tinha e eu 'tava com fome.

(Essa história se aplica ao conteúdo da TV aberta, ao que você vê nas vitrines, ao que toca nas rádios.... e ao que mais você julgar adequado. A história não é minha, ouvi de não sei quem, num sei onde, não sei quando...)