Este blog está de luto. Morreu um "dus meu". No sábado foi a última pessoaPutaquepariu! não gosto quando meus guri morrem. Assim, não quero brincar mais!
com quem falei. E falei bobagem. Daquelas bobagens que a gente fala pro camarada
só pra pegar no pé, pra fazer rir. E ele riu. riu da minha bobagem, riu do nosso
infortúnio... E saiu arrastando seu corpo magro, seu grande nariz apontando pra
frente e seus olhos grandes, verdes e esbugalhados iluminando o corredor
empoeirado que levava até seu dormitório. Ele tinha alguns planos pro futuro. E
eu acreditava neles. Jorge, um brasileiro, um cara que amou, que talvez tenha
odiado muito alguém, um cara que vacilou, um cara foi responsa, um cara que
tomava até dois litros de cachaça num único dia, um cara que passava dias longe
da pinga, um cara que não tinha um puto tostão no bolso, morreu. Morreu numa
segunda-feira. Não teve obituário em jornal, nem padre pra encomendar seu corpo.
Não teve vela em igreja, nem gente chorando. Virou estatística no meu banco de
dados. Teve vaga numa cova rasa e liberou sua vaga no abrigo pra outro. A vida
contínua. E a fila anda.
sexta-feira, junho 20, 2008
DE LUTO
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
quinta-feira, junho 05, 2008
uma nota deste mundo
No exato momento em que meus dedos débeis espancam o teclado frio, morre um velho em Cabul. Não, ele não foi vítima de nenhum morteiro, bomba, explosão. Mohamed morre de velho em seu leito, em sua casa humilde de periferia. Ao seu redor, filhos e netos.
Mohamed chama a todos nesse momento. Ao longe, o barulho de uma explosão. Mohamed já não sabe mais quantas guerras presenciou. Conta todos os fios brancos de sua barba e perde-se na conta de quantos conflitos, quantas mortes... Mohamed enfim chega a conclusão de que não foram várias guerras, e sim uma única e imemorial guerra, a mesma guerra, o mesmo negócio sujo. Os filhos acodem ao chamado do velho pai. Sua neta mais nova, ainda inocente das coisas deste mundo olha a tudo sem entender. Com sau voz fraca, Mohamed diz aos seus filhos:
Eu lhes chamei aqui pra fazer meu último pedido, e espero ser atendido.
- Sim pai
- Filhos, não morram antes de ficarem velhos.
Mohamed chama a todos nesse momento. Ao longe, o barulho de uma explosão. Mohamed já não sabe mais quantas guerras presenciou. Conta todos os fios brancos de sua barba e perde-se na conta de quantos conflitos, quantas mortes... Mohamed enfim chega a conclusão de que não foram várias guerras, e sim uma única e imemorial guerra, a mesma guerra, o mesmo negócio sujo. Os filhos acodem ao chamado do velho pai. Sua neta mais nova, ainda inocente das coisas deste mundo olha a tudo sem entender. Com sau voz fraca, Mohamed diz aos seus filhos:
Eu lhes chamei aqui pra fazer meu último pedido, e espero ser atendido.
- Sim pai
- Filhos, não morram antes de ficarem velhos.
Assinar:
Postagens (Atom)