Aê, todo mundo

Seja bem vindo. Não espere boas maneiras ou mensagens edificantes!
Lembre-se: esse papo de 'só o amor constrói' é balela: quem constrói é o pedreiro.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Os pecados do Padre Júlio

(um post falando sério)

Tá rolando na mídia direitosa uma série de acusações contra o Padre Júlio Lancelotti, envolvendo um ex-interno da FEBEM. E uma história muito mal contada, cheia de contradições e pântanos movediços. Não vou me ater a isso, até porque, o grande pecado do Padre Júlio não foi o suposto envolvimento com o - na época - "dimenor".

O grande pecado do Padre Júlio foi, por anos a fio, ter defendido moradores de rua, pivetes da FEBEM e presidiários. E,pior, ter dito que essa gente, além de detentora de direitos básicos também era filho de Deus. Onde já se viu?!

Fosse o padre defender criancinha ranhenta ou velhinho de asilo, não tava passando esse perrengue todo. Não, ao invés disso, lá foi o padre Júlio gritar contra a "limpeza" da cidade de São Paulo. Lá foi o padre defender o direito do "mendigo" de ficar sob o viaduto. Esse papo de que há abrigos e albergues pra todo o morador de rua é balela. Não tem! Nem em Sampa, nem aqui e nem na China. Mesmo que tivesse, isso não é uma porra de uma democracia? Pra muitos de nós é bem difícil (impossível até) entender porque uma pessoa prefere às ruas... é uma questão de saúde mental, sobrevivência e - conheço alguns - princípios morais. Não vou discutir isso. O fato é que essa gente "enfeia" a paisagem, desvaloriza imóveis... enfim, um atentado contra a ordem estabelecida.
Acontece que, por mais FEIOS, SUJOS E MALVADOS que essa gente seja, são SIM detentores de direitos e filhos de Deus (pra quem acredita no cabra).

Só quem trabalha ou já trabalhou com população de rua sabe o leão que se mata por dia pra garantir o mínimo pra esse povo. Não falo só da luta contra a própria condição social e psiquica do sujeito: falo da luta com as mais diversas instituições que se omitem em atendê-los. Ninguém os quer.

Bem, aí Padre Júlio se atirou na defesa dessa gente, contrariando a classe mérdia direitosa paulista, que exige suas ruas "limpas" (eu pago imposto pra isso)
Agora, essa mesma classe mérdia que odeia a plebe rude vai se alvoroçar na defesa do "dimenor" pra ir à desforra com o Padre Júlio...


sábado, outubro 27, 2007

Véio feio reloaded

Mano. Era assim que todos o chamavam. E ele aprendeu com o outro (o do post abaixo) que era fácil me subornar com a palavra chave: BANHO.

Banho era a senha infalível de entrada pra passar por mim.

Bem, mas antes de contar essa história tenho que falar do Mano: assim como o véio do post anterior Mano não era tão velho assim, também era seqüelado de um avc (acidente vascular cerebral) e, como se não bastasse, também era chegado em emboracar toda a cachaça que foi posta nesse mundo cão.
E assim, dia após dia, o MAno chegava caindo pelas quinhentas e eu perguntava:

-E aí, Mano, cuméquié? Assim não vai dar, meu querido...

-Banho, banho.
Sim, ele era seqüelado do avc e eram poucas as palavras que conseguia pronunciar com clareza. Banho, estranhamente, era uma delas.
E assim, munido de toalha e sabonete, ele rumava em direção ao vestiário.
Passaram semanas a fio nessa rotina: nego chegando bêbado, eu ameaçando barrar e sendo subornada pelo banho.
Até o dia em que caiu a casa:
Um outro sujeito vinha chegando borracho e foi sumariamente barrado.Indignado com a minha injustiça, do alto de sua sabedoria alcoólica, neguinho entregou:
- É só comigo, né? Aquele outro chega todo o dia caindo e entra, só porque promete que vai tomar banho... mas ele nem banho toma, só molha a cabeça e a toalha que eu vi...
Atrás de mim, uma pá de nego ria e concordava.
Sim, eu perdi pro véio feio. Pô, perder prum véio feio, seqüelado e borracho???? Pensei em sair dali imediatamente, procurar o zoológico mais próximo e ocupar a jaula da anta! Fui confirmar a história toda... era verdade.
As únicas palavras que pude proferir foi: deixa estar!
E não demorou muito pra minha revanche chegar.

Lá vinha ele, cambaleante, já dizendo: Banho, banho...
Ah, banho, é... deixa estar.
Convoquei um fiel escudeiro e o deixei plantando no vestiário, com a única missão de fiscalizar se o banho estava acontecendo mesmo ou se, mais uma vez, eu seria ludibirada.

Do lado de fora da porta, ferida de morte no meu orgulho profissional e louca de ira, eu gritava:
-É pra lavar tudo, meu! Esfrega tudo aí senão eu vou entrar e fazer o serviço! Caiu a casa, magrão, agora tu vai tomar banho DE VERDADE, todos os dias, mermão!
Sim, assim eu conquistei um inimigo furioso, que, na sua língua peculiar, me presenteou com uma série de impropérios ininteligíveis (mas suspeito que minha santa mãezinha foi lembrada)
Depois dessa, ainda tivemos outras peleias, como na vez que encontrei dentro do tênis dele uma escova de dentes e um limão e exigi que a bagunça fosse arrumada.

Com o tempo, percebendo que a cada novo banho, ele ia ficando mais cheiroso e mais querido por todos, minha mãe deixou de ser lembrada em seus resmungos. Nossa "inimizade" se transformou em camaradagem e durou até o dia em que o Mano voltou para a casa de sua filha.
Nesse dia, todos sentimos uma pontinha de tristeza. Por alguma razão inexplicável, Mano, com sua língua truncada e sua risada fácil funcionava pra nós como um amuleto de boa sorte, como um pedaço de infância perdida.
Na hora da despedida, ainda recomendei: não esquece de tomar banho... e novamente, minha mãe foi lembrada. E com razão!

terça-feira, outubro 23, 2007

Us véio feio

É assim mesmo, sem plural e assassinando o português.
É assim que eu gosto deles: us véio feio.

Todo mundo se preocupa com “mulheres e crianças primeiro”, mas ninguém nunca se lembra dus véio feio.

Pois, se tem uma raça que eu gosto, é a raça dus véio feio.
Mas não é qualquer véio feio que me contenta: véio feio top de linha, véio feio grandão, pra mim, tem que carregar consigo um saco cheio de quinquilharias sem valor.
Sim, um véio feio que se preze, um véio feio de estilo, logo tenta fazer parte de uma estirpe especial: véio do saco.

Ah, quem aqui nunca conheceu um véio do saco?

Bem, eu conheci o véio do saco.

Morri de medo dele.

Bem, isso eu nunca contei pra ninguém, to contando agora: aos 9 anos de idade matei aula pela primeira vez. Terceira série e eu sem o menor saco de multiplicar e dividir, simplesmente saí de casa e fui andando sem rumo pelas ruas planas do subúrbio...

Heis que, num terreno baldio... lá estava ele: O VÉIO DO SACO.
E não era um velho do saco qualquer: além de maltrapilho e barbudo o tal véio era CORCUNDA!
Alguém pode imaginar o horror que um véio do saco corcunda pode causar numa menina de 9 anos????

Até hoje lamento que minha corrida não tenha sido testemunhada pela equipe do livro dos recordes. Com cerveja, eu teria batido todos os recordes mundiais.

Bem, mas não era pra falar sobre pueris lembranças que eu comecei a escrever essa imundície.

A idéia era contar a história de alguns véio feio que passaram pela minha vida adulta, e aos quais devo alguma parcela da alegria da minha vida.

O véio mais feio que eu conheci nem era tão véio assim. Tinha lá os seus 55 anos. Só que além de careca e desprovido de dentes ele era seqüelado de um derrame e, por isso, tinha um lado todo paralizado. Não bastasse ser torto por natureza, o cabra ainda tomava toda a cachaça que deus botou no mundo... Bem, eu era nova e impressionável, então acabava deixando que o véio entrasse desde que tomasse um banho. E não é que o véio foi tomando gosto pelo tal de banho? Toda a vez que me via dizia “banho”, “banho” e rumava pro banheiro. Depois de algumas semanas a coisa evoluiu de verdade: ele passou a chegar com sabonetes, pasta de dentes, desodorante... o véio tava investindo seriamente em ficar cheiroso.

Tudo ia muito bem, até que um dia, ele errou na dose e chegou caindo pelas quinhentas. Fui ameaçada pelas colegas que, se o deixasse entrar, o caldo entornava pro meu lado. Malgrado todas as ameaças eu deixei o pobre entrar... e aí, faltando dez minutos pro final do meu plantão o véio tastaviou e deu de guampa no chão, abrindo um corte no supercílio.

Pensei cá comigo: F-U-D-E-U!

E fudeu mesmo, tive que levar o véio pro Pronto socorro.

E, a todas essas o véio nem te ligo, ria faceiro, nem sentindo a dor do tombo, anestesiado que tava pela cachaça.


Mesmo em toda essa manguaça o véio atinou de pegar o seu arsenal de cosméticos e leva-lo consigo.

Pó, espera em HPS é foda... comecei a brincar com o véio: “Bah, todo esse investimento em perfume... tu deve ta apaixonado....”
E aí, pra encerrar o meu dia com chave de ouro o diacho do véio diz: “è por ti”... e ainda me atira beijinho!!!! Porra, o Antônio Banderas não me atira beijinho!!!


Meses depois ele saiu do abrigo e nunca mais voltou. Procuramos em hospitais, na polícia e até mesmo em necrotérios... nada do véio. Ele simplesmente DESAPARECEU no mundo.





Eu gosto de pensar cá comigo que um dia, muito cheiroso, ele encontrou uma linda princesa que lhe deu um beijo e eles viveram felizes para sempre
.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Cê qué mi fudê, aspira?

Não, não vou falar sobre o "Tropa de elite". Agora que estreiou no cinema, perdeu a graça.

Ontem, no centro de Porto Alegre, deu um furdunço daqueles entre a polícia e os vendedores ambulantes. Fechou a rosca e fechou o comércio. Nem sei exatamente o que aconteceu, mas de uma coisa eu sei: toda a minha solidariedade a esses "fora da lei" que gritam CD DVD é a 5, Vale, vale, vale. Compro vale, vendo vale.
Desde o início da década de 90 a informalidade tomou conta da economia brasileira e a saída pra muita gente honesta foi cair na clandestinidade trazendo muamba do paraguai e vendendo baratinho pra proletas como eu que se negam a pagar uma nota preta por qualquer item de consumo.
Sim, assim como o usuário de drogas que sobe o morro e alimenta a violência (discursinho ensaiado do cap. Nascimento pra arrepiar geral) eu alimento o contrabando de quinquiliarias. E não tenho vergonha de declarar. Aliás, me orgulho disso. Tô ajudando muito pai de família a tomar sua cervejinha no final do dia (ah, o leitinho das crianças que se foda!)

Agora que já fiz meu desabafo, vou falar do meu último véio do saco.
Sim, eu tive um véio do saco semana passada.
Coisa mais fofa! No máximo 1,50 de altura, cabelos brancos e um par de olho azul feito bolita. Bateu no portão com 3 sacos (uau, véio do saco com upgrade) a tira-colo e informou um daqueles sobrenomes polacos com muitas consoantes e quase nenhuma vogal (um troço impronunciável que parece som de cadeira quebrando, tipo o sobrenome do nego véio)
Depois do banho o véio até mudou de cor.
É, foi bom mas durou pouco. Depois de uma semana o véio do saco sumiu! sumiu, escafedeu-se, desapareceu! Snif, snif! Eu quero meu véio do saco de volta!
Enfim, macacada, pra encerrar, gostaria de deixar uma reflexão importante: se o bater das asas de uma borboleta é capaz de alterar o equilíbrio do mundo, imagine o que uma cagada de hipopótamo não é capaz!

quinta-feira, outubro 11, 2007

Carroça a vapor is dead, baby

Yeah, macacada!
A carroça morreu! Deu seus ultimos estretores e agora jaz num canto da sala.
Ai nego veio e eu, numa manobra lancinante roubamos a caixinha de varias igrejas e juntamos uns trocados pra comprar um pc novinho em folha. Nego veio, meu personal garoto de programa foi quem montou o bicho... lindinho gente!
Ele so não conhece acento, o filho da puta.
O monitor, herdado do falecido [e de LCD mas o meu novo PC turbo mega gostoão ate [e capaz de tocar meus cdzinhos do Tom Ze...
Bem, gente, so passei pra avisar que voltei. Daqui uns dias volto pra falar de veio feio, vo do badanha e outros assuntos de extrema relev}ancia pra economia brasileira e a pol[itica do oriente m[edio.
Sorte e sa[ude pra todos!

terça-feira, outubro 02, 2007

E agora, macacada?

Seu Renan Calheiros insiste em não abandonar a bendita cadeira de presidente do Senado. Aí, nomeiam dois cabras que são aliados do mangalão pra relatores dos inquéritos restantes... e eu pergunto: isso é um país sério? Ah, conta outra!

Continuo sem PC. Por algum acaso astral hoje a tarde tá tranqüila no trampo e a chefe deixou eu usar a bunda larga dela... ops, quer dizer, banda larga...


Buenas, eu vim aqui somente agradecer as manifistações de pesar e solidariedade com a morte do meu PC.
Por conta da atual pínda (sim, macacada, a minha situação é tão crítica que "pindaíba" é um nível acima) estou fundando uma ong. Sim, a ong "amigos da Ane". Uma organização governamental sem fins lucrativos, destinada a promover a reinclusão digital de Ane, uma desassistida pelo poder público, ex-classe mérdia...


Ah, tão rindo, é? Então me digam o seguinte: tenho 30 anos. Logo, não posso mais ser incluída nos programas da juventude... mas ainda não posso ser considerada de 3° idade (e tenho que pagar passagem no busão todo o dia...). Não ganho bolsa família, tampouco propina de lobistas... não tenho isenção de impostos de nehuma natureza porque não constituí nenhuma multinacional (alô BNDS, empresta um dinheirinho pra eu?).... enfim, tenho que me segurar com o meu salário merreca.

Então é isso: eu podia tá roubando, podia tá matando, podia até tá cavando um filho com algum jogador de futebol ou senador... mas eu sou limpinha, tá! Tenho princípios morais, porra! então aí, pessoal, tô aqui pedindo um ajutório, qualquer notinha de dô ráu, dé ráu tá valendo. Que Deus, Alá, Oxalá, Buda, Jeová e Krshina abençoem vocês!