Aê, todo mundo

Seja bem vindo. Não espere boas maneiras ou mensagens edificantes!
Lembre-se: esse papo de 'só o amor constrói' é balela: quem constrói é o pedreiro.

domingo, junho 28, 2009

tanta coisa

O presidente Luís Inácio Lula da Silva esteve nesta sexta-feira em Porto Alegre,
na vila Bom Jesus, pra lançar um programa de governo, o Pronasci - ah, eu
não vou explicar que porra é, joga no google preguiçoso. Bem, o lugar era no
meio da vila, no meio meeeeessssmmmmooo da vila. foi engraçado ver algumas
"otoridadi" amassando barro com seus sapatinhos pheenos. Bem, mas o que eu
queria falar não era isso: eu queria falar que, lá pelas quinhentas, o nosso
presidente falou a respeito da ação da Brigada Militar nas vilas... na ala das
'otoridadis" - na qual eu estava, em função do trabalho um visível desconforto
com a fala do presidente... na geral, povo aplaudiu. Geral entendeu o que o
Homem queria dizer.... até porque o presidente não tava mentindo quando disse
que a polícia costuma primeiro bater pra depois perguntar... Só quem não conhece
a realidade torceu o nariz pro cabra... é por essas e outras que eu admiro o
sujeito, um cabra que sabe se comunicar com a massa.

Então, morreu o Michael Jackson. (aff, antes ele do que eu!)Por alguma razão eu fiquei triste... porque percebi que Michael Jackson foi um ícone de minha infância, da infância de minha geração criada diante da TV nos anos 80 - e atire a primeira pedra quem nunca tentou fazer o moonwalker. Mais do que isso: eu percebi que sou tão antiga, mas tão antiga que sou do tempo em que o Michael Jackson era preto... taqueospariu... e sabe o que é mais descaralhado nessa história toda do infeliz do MJ: o pobre diabo pirou legal da batatinha, só fez merda a vida inteira e morreu cedo... (Mick Jaegger continua vivo, o quê, para mim, é um dos grandes misterios da ciência....)

Então, depois de ver o presidente, saber que o Michael Jackson morreu e de
assistir Simpsons na cozinha eu lembrei de um sujeito. Era um sujeito simples,
atarracado, cabelo escuro.Tratava a todos por senhor e senhora Daquele tipo que
entra mudo e sai calado. Só falava se lhe perguntavam. Num dia de chuva eu
espraguejava contra um guarda-chuvas que estragara. Ele, falando muito baixo,
perguntou:


- A senhora vai fazer o quê com o guarda-chuva?

- Ah, vou jogar fora essa tranqueira

- Se a senhora quiser, eu posso consertar ele pra senhora...

- Não, nem te abala, isso não vale a pena...

- Então, se a senhora não se importar, eu posso ficar com ele... sabe,
senhora, eu gosto dos guarda-chuvas... há muito tempo atrás um sujeito me
ensinou a consertar guarda-chuvas... eu tava desempregado, e foi o meu sustento
durante um bom tempo consertar guarda-chuvas... então, eu peguei amor nos
guarda-chuvas, nas sombrinhas...- ia dizendo isso enquanto, com as mãos rudes,
calejadas, segurava o guarda-chuva estragado quase com ternura - sabe, eu
tenho atá uma dor no coração quando vejo alguém jogando um guarda-chuva fora...
esse aqui, eu vou arrumar, se a senhora não quiser mais ele eu dou pra outra
pessoa que queira ele. Hoje em dia ninguém mais arruma guarda-chuva, todo mundo
poe fora e compra novo... eu acho isso muito triste, sabe.


Até hoje eu fico pensando se aquele sujeito estava falando apenas a respeito de sombrinhas e guarda-chuvas... eu suspeito que havia algo maior naquilo que ele estava falando...