Corria o ano da graça de 1984. Abertura política, Tancredo Neves morrendo,"Vocês acham que vai dar certo essa tal de Democracia? Democracia é o governo do Demo! (e dava risada com a piada infame). Olha só, a milicada era um bando de filho da puta, mas essa turma aí ó... aqui, não adianta se iludir, a gente vai continuar ó top! top. E desde que essa merda começou a gente só top top. Quem sifu primeiro foram os índio. Portuga chegava, dava espelhinho, machadinha, miçanga e o índio dê-lhe a trabalhar, trabalhar, trabalhar. Aí o portuga comia as índia tudo, levava tudo quanto era árvore pra fazer dinheiro nas Europa e o índio?... o índio sifu. Aí os portuga mataram a índiarada toda com gripe, com sarampo, com sífilis e aí acharam a negadinha lá na África. E traziam os neguinho nos navio negreiro. E os negrinho... bah, os negrinho foram os que mais top top nesse país. Era pai pra um lado, filho pro outro, irmão pra cá, irmã pra lá... e dê-lhe a plantá cana de açúcar... e plantavam cana e apanhavam... e Portugal enchendo o cú de dinheiro...
aquela porra toda. E eu, aos 6 anos de idade (não façam contas, fiadaspúuu) me
alfabetizava com a professora Anete. Mi madre nº1 (a (i)responsável por eu estar
nesse mundo cão)e eu numa viagem de ônibus do subúrbio pro centro da cidade. Era
um feriado qualquer. Heis que entra no coletivo um cidadão completamente
alcoolizado, carregando consigo um garrafão de vinho. E o cabra desandou a
falar:
Por essas alturas metade do ônibus ouvia a "aula" do bebum. Aí, como sempre, uma
senhora reclama: tem criança aqui e o senhor falando bandalha!Bandalha? Bandalha é o que veio depois, minha senhora! A tal de família real, sentindo que o Napoleão ia invadir Portugal, deixou todo mundo lá, pra top top na mão do Napoleão, e veio pra cá, pro Rio de Janeiro, que bobo eles não eram de vir pro Quintão, né, minha senhora? E aí, era baile na corte, a corte isso, a corte aquilo... o Dom Pedro I criado no meio da gandaia e o povo trabalhando pra sustentá... o povo sempre ó top top. Aí, inventaram a tal de independência. Pra sê bem honesto, eu nem lembro porque que inventaram a tal de Independência... o Dom Pedro, no lombo duma mula, foi lá na beira do riachinho e deu uns gritinho e aí acharam que eram independente... independente uma pinóia. Tiveram que pagá uma grana preta pra Inglaterra, que era quem mandava no mundo naquela época, pra serem reconhecido como "independente". Aí, o Dom Pedro I - que era um baita dum salafra - se manda pra Portugal, deixa aqui o guri com 5 anos de idade... Aí botam um tal de Padre Feijó pra mandá nessa merda! Agora vocês me digam uma coisa? Onde já se viu padre mandá em política? Cada um no seu cada qual, já dizia a minha falecida maezinha, que deus a tenha. Só que o tal do padreco não deu conta, foi um tal de todo mundo se revoltá e aí deram um jeito do Dom Pedro II assumi o trono com 14 anos! Mas, ora, vejam só, onde já se viu num país sério guri mal saído dos cueiro apitá de rei? Pois foi o que aconteceu, botaram o tal piá de rei dessa esculhembação!
A coisa continuou, até o bebum descer... ele chegou até a proclamação da
República... foi a primeira aula de história que eu tive na minha vida. Dizem
que a primeira a gente nunca esquece.
8 comentários:
Oi, Anneeeeeee!
Tô de volta, mulé e já começo a me mijar de rir das tuas escritas, que eu adoro! Aproveitei pra dar uma sapeada nos outros pôsteres e a tônica foi a mesma. Essa história do bebum me lembrou um amigo meu explicando a Inconfidência Mineira pro filho aflito porque iria fazer prova oral e não entendeu lhufas do que leu nos livros. Daí ele começou assim: "A Inconfidência foi um bando de babaca lá de Minas que pensava que podia dar jeito nesse cu de boi que sempre foi o Brasil. Daí eles se juntavam pra derrubar os portugueses, que viviam botando no cu da gente ..." E por aí vai. Mais ou menos na linha do teu bebum ... Hehehehe!!!
Acho que a gata viu que não tinha futuro aí e resolveu se cuidar. Não sei porque acho que ela tinha razão, afinal, casa de vó é outro babado, né?
Beijão
Se a nossa história fosse contada desta maneira talvez as criancinhas aprenderiam desde cedo melhores noções de cidadania. É duro, é difícil mas é a mais pura verdade!
Oi Ane.
Fecho com a Diane, "que me antecedeu no espaço de comentários" (ia escrever simplesmente "aí em cima", mas fiquei em dúvida: seria encima? Na dúvida, encontrei um caminho alternativo).
Tá, voltando ao assunto: suspeito que o fascínio do relato histórico se deva mais a tua verve inigualável do que aos dotes narrativos do cidadão completamente alcoolizado.
Um beijo.
PS: já foi na Feira do Pêssego?
Olá Ane!!
O que te aconteceu naquele dia foi que você teve contato com a história contada do ponto de vista do conquistado. Você já teve aula na escola, só que do ponto de vista do conquistador..que diz que tudo foi em benefício do povo...quando o discurso começa assim é melhor desconfiar.
Nosso congresso anda cheio desses demagogos...
"o Dom Pedro, no lombo duma mula, foi lá na beira do riachinho e deu uns gritinho e aí acharam que eram independente... independente uma pinóia"...
mijei na calça na parte dos gritinho...
d+
sem mais!
"De bebado e de louco todo mundo tem um pouco"...permissao(ou sera com cedilha?) p citar???
Beijoca aqui dos esteits...
Janice Filipin
Se quiser a segunda aula de história do Brasil, leia Chatô - O Rei do Brasil. Meu beijo.
tá bom q vc não anda mais nessa bumba, mas não precisa ser tão rígida assim né?
podia aparecer de vez em quando.
Saudadinha.
Bj.
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