Lembro que, nos idos do milênio passado, no caminho de volta pra
casa, saindo do
colégio, a gurizada mais velha apavorava a gente da primeira
série apontando pra
uma casa abandonada na esquina da escola e dizendo que
era uma casa mal
assombrada. E ali testávamos nossa coragem de infantes
frente ao sobrenatural e
ao inexplicável. Lembro de um cabra macho, o terror
do primeiro ano, correr
batendo o pé na bunda assustado pelo barulho que um
inofensivo gato fizera
dentro da tal casa mal assombrada. Eu, de minha
parte, não tenho nenhum ato de
bravura pra contar daqueles dias: passava por
ali com um olho comprido de
curiosidade pra dentro das ruínas daquela velha
casa de esquina, mas jamais tive
coragem - como tinham os caras do 3° ano -
de entrar dentro da tal casa.
Devo confessar que jamais o tive. Enfim, desde
sempre, fui uma cagona de marca
maior com essas coisas do além.Bem, lendas de casas mal assombradas fizeram parte de nossa infância no
subúrbio operário. Foram importantes no nosso autoconhecimento, na formação
do
nosso caráter e na alimentação dos nossos blogs no futuro.(fico
pensando nas pobres crianças que moram em
condomínios...)Acontece que eu descobri que a minha casa é uma variante da casa mal
assombrada... calma, calma, não tem barulho de porta batendo ou correntes
arrastando. Os fenômenos aqui são outros: a nossa casa atrai bichos
esquisitos/malucos.
Vejamos: quando viemos pra cá, todos os gatos da vizinhança marcavam encontro debaixo da nossa
pitangueira: frajola, malhado e sem-perna (sim,
um
dos gatos não tinha a pata dianteira) eram presença constante nos
domínios de
nosso reino. Nunca nos importunaram (o mesmo não poderiam dizer
nossos
inquilinos: duas famílias de passarinhos que sublocaram o nosso
quiosque
com suas residências).Bem, depois veio a Mel (a gata com a qual eu saí no tapa), depois a Preta que, na seqüência trouxe o seu amado, o Fidel -que acabou de passar por mim depois de ter filado uma bóia aqui em casa. Às vezes fica difícil manter o equilíbrio do eco-social-sistema: Preta nunca tolerou as lagartixas (sim, nossa casa era repleta de lagartixas) e insistia em transformá-las em seu tira-gosto matinal. As lagartixas foram embora, antes que eu pudesse transformar os maus hábitos alimentares de Preta, que , na falta de lagartixas, passou a se dedicar à caça de passarinhos (já foram 2...) e camundongos, os quais ela insiste em me presentear colocando-os no meio da sala)
A tartaruga Karina também passou maus bucados na mão(?) da Preta: curiosa pra danar, não deixava a pobre em paz.
Karina ficou hospedada em nossa casa durante uns 6 meses. Confesso que
sinto falta dela.Agora temos o Luís Fernando, uma tartaruga menor
e menos eloqüente que Karina, mesmo assim, conta com todo o nosso amor.
Desde a semana retrasada, passamos a receber visitas regulares de dois cachorros da vizinhança. Uma aloprada cadela mestiça a
dalmata e um minúsculo e alucinado vira-latas preto. Eles entram aqui
fazendo
uma alaúza dos infernos e, quando eu vou botá-los pra foram, pulam
em mim e me
balançam o rabo. Nem mesmo a vassoura na minha mão impôs algum
respeito, nos
sem-noção da vizinhança.
Semana passada, faceira, navegando na internet, notei uma coisa saltitante
pela sala... qual a minha surpresa ao constatar que era um pequeno sapo (ou perereca, sei lá) que estava se refestelando pela
minha sala... o animal planet tá invadindo o meu cafofo!!!! Socorro!!!!Só pra atualizar meus 2,2 leitores: preta deu à luz no dia 22. Agora ela é
mãe de um único filhote branquelo, enorme, feio pra caralho e que não gosta de
limpar atrás das orelhas. Semana que vem eu ponho uma foto do bichano aqui,
porque por enquanto o bichinho tá feio pra dedéu.
6 comentários:
Menina, realmente é bicharada prá ninguém botar defeito. Vixe Maria! Mudando/continuando no assunto, vai lá no post do Jens e veja um vídeo que a turma da faculdade da filha dele fez sobre uma lenda urbana daí de POA. Beijocas
Oi Princesa Ane.
Porra, isto aí é um zoológico ou estás garantindo a alimentação da família? (Churrasquinho de gato, sopa de tarturuga, passarinho com arroz - delícia! -, sapo à milanesa... Os au-au não. Destes, eu gosto).
Beijo pra você e abraço pro Principe Consorte.
PS: Casa mal assombrada? Em Ipanema tinha uma. Morava lá uma bruxa. A gente tinha medo, mas não deixava de jogar pedra.
Ain... tanta coisa prá comentar...
Ó, o rato morto é prá mostrar q tá morando, mas tá pagaaaanu!
Quer ver a foto do Gizmo então! Bota logo porra!
Tem certeza q vc não imagina por q eles batem aí?
Olá!
As estória de mal-assombro povoaram a minha infância inteira, pois meu pai tinha a mania nada pedagógica de nos reunir, nas noites de segunda-feira, pra contar cada uma de fazer arrepiar até os pentelhos (pra quem os tinha - e não era o meu caso, ainda), mas que nós, meus irmãos e eu, adorávamos. Pro desespero dos psicólogos, pedagogos e afins atuais, isso não produziu qualquer trauma na gente.Muito pelo contrário: Nenhum de nós tem medo de "alma do outro mundo" ... Tá!
Menina, tua casa virou, definitivamente, um mini-zoológico, né? E a Preta? Depois da primeira vez virou uma messalina-bichana???
Tô voltando, ainda sem muito tesão pra escrever, mas chegando de leve depois de um longo período ausente.
Um xêro!
Se tiver a cara mais redonda e pele áspera é sapo. Cunstumam ser maiores também.
Se for pequena e com mãos mais desproporcionais, pele lisa e brilhante, branca,verde... é perereca
se for da cara mais retangular e pele lisa porte médio é rã.
Essa última é uma dilícia. Tira-se a pele salga e frita no óleo bem quente.
Pra tirar a pele:
corta a cabeça e enfia um palito na coluna, ela se estica toda. corta as mãozinha fora e sopra (num precisa meter a boca não), c vai tirando a pele igual se fosse um macacão. E, interessante, a rã sem pele parece aqueles caboclo bombado de academia.
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